12/07/2022 14:37 Há 2 anos

Família pede reabertura de caso arquivado como suicídio



Provas fornecidas pela própria empresa mudam o rumo do caso. Desde o início a viúva do trabalhador não acreditou na versão dada pela Biosev, empresa pertencente ao Grupo Raízen

No dia sete desse mês a família de Djalma Florêncio da Silva, trabalhador que morreu depois de ser atropelado por trator de colheita mecanizada durante trabalho na Biosev, empresa do grupo Raízen, multinacional que atua no setor sucroenergético, foi até a Delegacia de Polícia Civil, de Rio Brilhante, acompanhada do advogado de defesa Rafael Medeiros, para pedir a reabertura do processo de investigação da morte do trabalhador, que estava arquivado como suicídio.

Desde o início a viúva Maria de Fátima Magalhães de Moura Silva não acreditou na versão dada pela empresa, de que o marido teria tirado a própria vida enquanto trabalhava. “Faltavam dois dias para ele tirar férias e a gente ia viajar. Tínhamos acabado de construir nossa casa própria e preparávamos para fazer a mudança. Nossa família estava feliz. Estávamos cheios de expectativas. Vivíamos uma boa fase. Ele não tinha nenhuma doença crônica e nunca sofreu de depressão. Sempre foi sorridente e brincalhão com todo mundo. E era um homem de muita fé. Participava ativamente das atividades da igreja. Acredito que aconteceu qualquer coisa, menos suicídio”, desabafa.

O filho Eduardo Magalhães Silva e o irmão da vítima, Gilberto Florência da Silva acompanharam a viúva até a delegacia e lembraram que Djalma era uma espécie de conselheiro da família. Era quem todos recorriam quando precisavam de ajuda.

“É uma injustiça o que fizeram com meu irmão. Dias antes ele revelou que estava com medo de um acidente porque o motorista do ônibus da empresa teria cochilado no volante e quase saído da estrada. Como alguém com medo de morrer comete suicídio? Muito estranho. Não acreditamos jamais nessa história. Queremos que o caso volte a ser apurado, que o fato seja esclarecido e a verdade venha à tona. Os laudos mostram que a empresa mentiu para todo mundo. O trator estava com defeito e foi esse defeito que matou meu irmão. Não queremos que um cristão fique enterrado como suicida. Vamos lutar para tirar esse peso das costas e limpar a honra dele”, declarou emocionado Gilberto.

Relembre o caso
No dia 19 de setembro de 2020, Djalma trabalhava na empresa Biosev, quando foi atropelado por um trator de colheita mecanizada que conduzia durante o exercício de suas funções laborais e morreu na hora.

Nenhum trabalhador presenciou o acidente e como não houve testemunhas, para tentar se eximir das responsabilidades pela morte do trabalhador, a empresa criou uma narrativa de que o trabalhador teria se suicidado, se valendo para tanto de um laudo interno baseado na falsa premissa de que o Trator operado por Djalma estava em perfeito estado.

Toda verdade começou a ser revelada com a propositura da ação indenizatória pelos familiares de Djalma, representados pelo escritório Medeiros & Medeiros Advogados Associados SS no processo n. 0024156-13.2022.5.24.0091, onde ficou provado pela ficha de avaliação do trator juntada no feito pela própria empresa (fls. 637), que tal maquinário não só possuía “Defeito Hidráulico” (vazamentos no comando hidráulico e no filtro de transmissão), como no próprio dia do acidente, passou por uma tentativa de conserto na oficina da empresa entre as 3h50min e 5h15min21seg (fls. 642) e em seguida foi entregue para Djalma que o operou até o momento do acidente de trabalho, que tirou a vida dele.

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A defesa explica que a mentira da empresa sobre as péssimas condições de manutenção do trator, operado por Djalma, induziu em erro as autoridades que apuravam o acidente, mas que agora com toda a verdade vindo à tona, os familiares da vítima representaram para as autoridades policiais afim de que reabram as investigações e apurem todas as responsabilidades, inclusive de quem mentiu sobre os defeitos do trator, na época.

A conduta da empresa, de porte bilionário, causou revolta nos familiares da vítima, que viu a forma desumana de agir, da Biosev, para não se responsabilizar pela morte do trabalhador e pagar indenização pelo acidente de trabalho.

Como funcionário, Djalma sempre teve conduta exemplar e nunca foi advertido na empresa. Possuía boa relação com colegas e era responsável, além de um pai, esposo, avô, irmão e amigo presente. Por fim a defesa da família destaca que Djalma não apresentava qualquer histórico psicológico médico que justificasse o suicídio.

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