12/01/2021 07:07 Há 4 anos

Com prefeitura “quebrada”, Alan corre contra o tempo para pagar servidores



Por Agência Câmara Imagem: A. Frota

Prefeito diz que gestão passada não deixou em caixa os R$ 31 milhões necessários para pagar a folha

A Prefeitura de Dourados planeja começar a pagar nesta semana o salário de dezembro dos servidores municipais. O pagamento está atrasado porque a ex-prefeita Délia Razuk não deixou em caixa o dinheiro necessário para quitar a folha, que gira em torno de R$ 31 milhões.

Em entrevista coletiva à imprensa na quinta-feira (7), o prefeito Alan Guedes (PP) e parte da equipe administrativa do novo governo falaram sobre a situação financeira da prefeitura e anunciaram medidas emergenciais para encontrar o equilíbrio financeiro e, assim, poder cumprir obrigações como a folha salarial do mês de dezembro, “prioridade neste momento”.

Alan afirmou que apesar de a administração anterior ter anunciado, no último dia do ano passado, que os recursos financeiros para o pagamento dos salários estavam assegurados e a folha já empenhada e liquidada, não há dinheiro suficiente para o pagamento integral da folha.

O prefeito revelou que o relatório de transferência de cargo, assinado pela ex-prefeita Délia Razuk no dia 29 de dezembro, mencionava haver no caixa da prefeitura RS 13,6 milhões “informação, na realidade truncada, considerando que recebemos o caixa da prefeitura, efetivamente, no dia 4 de janeiro, com R$ 8,1 milhões, fundo insuficiente para pagar a folha salarial, perto de R$ 31 milhões”.

Alan disse que a realidade encontrada pela equipe já compromete o planejamento financeiro de 2021 da gestão, responsável por 14 folhas no decorrer deste ano. Ele também não descartou a possibilidade do escalonamento dos salários.

“Nossa prioridade é o servidor; pagar os salários é o objetivo primeiro neste momento. Para isso, vamos buscar meios, vamos mapear todas as fontes de recursos”, avisou, reafirmando que a transparência será a marca de sua gestão.

O auditor fiscal do Estado Everson Cordeiro, que aguarda os trâmites burocráticos para ter oficializada a sua cedência à Prefeitura para assumir a Secretaria de Fazenda, disse que a equipe técnica convocada por Alan Guedes trabalha há dias na busca do equilíbrio financeiro do município, de maneira que o funcionalismo não seja prejudicado. “Os servidores não têm culpa. A nova administração, apesar de sua característica de gestão técnica, trabalhará também com princípios humanos”, salientou.

Já o professor universitário Henrique Sartori, convidado a assumir a Secretaria de Governo e Gestão Estratégica e também aguardando conclusão do processo de cedência, avaliou a situação da prefeitura como grave, mas disse que apesar de ser uma missão árdua, os servidores não deverão ser penalizados. Ao anunciar medidas de austeridade, pediu aos vereadores presentes que exerçam a função de fiscais e ajudem a gestão a realizar o melhor trabalho por Dourados.

MEDIDAS

Algumas medidas emergenciais foram anunciadas na coletiva, como forma de encontrar o equilíbrio financeiro do município. A meta inicial da gestão é reduzir em pelo menos 30% os 650 cargos em comissão, o que daria ao município uma economia mensal no valor aproximado de R$ 780 mil.

Outra medida é suspender, por um período de 90 dias, o pagamento dos contratos com prestadores de serviços e, em alguns casos, a revisão desses contratos. O corte de 25% das despesas correntes também foi uma das metas anunciadas, visando a buscar a capacidade de investimento do município.

Alan Guedes destacou que os contratos referentes a serviços essenciais, como fornecimento de medicamentos, não sofrerão impactos. Ele disse que estruturou uma equipe técnica com membros das secretarias de Administração e de Fazenda, Procuradoria Geral do Município e Gabinete para as devidas análises.

Alan disse que o intuito é cumprir com as obrigações financeiras do município e, posteriormente, recuperar a capacidade de investimentos. Segundo ele, os impostos que a prefeitura começará a receber nos próximos meses precisarão ser bem administrados.

“Se não tivermos um planejamento financeiro e fiscal, esse incremento que entra em fevereiro e maio com o IPTU e IPVA chega em outubro e se esgota. Então é necessário esse arrocho financeiro inicial para no final desse período oferecer para a cidade uma boa prestação de serviços mesmo com esses cortes do ponto de vista financeiro”, disse o prefeito.

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