Brô Mc’s lança álbum “Retomada” e reforça preservação da língua guarani

O grupo de rap indígena Brô Mc’s, formado por artistas guarani e kaiowá de Dourados, lança nesta sexta-feira (8) o álbum “Retomada”, dentro da Coleção Som Nativo — iniciativa do Instituto Alok voltada à preservação de línguas originárias e valorização da música indígena. O lançamento coincide com o Dia Internacional dos Povos Indígenas e integra um conjunto de sete álbuns inéditos de diferentes etnias brasileiras.

Fundado em 2009, o Brô Mc’s é pioneiro em inserir o rap indígena no cenário musical do país. Formado pelos irmãos Bruno e Clemerson Veron, além de Charlie e Kelvin Peixoto, o grupo vive nas aldeias Jaguapiru e Bororó, na maior reserva indígena urbana do Brasil, que abriga cerca de 20 mil habitantes dos povos Terena, Guarani e Kaiowá. “Nosso álbum é a nossa voz, nossa palavra. Escutem a nossa origem, escutem a nossa canção”, destaca Clemerson Veron.

O álbum reúne nove faixas autorais — entre elas “Orereko”, “Cemitério” e a faixa-título “Retomada” — e mantém o compromisso de denunciar as pressões sobre terras indígenas, especialmente a partir do avanço do agronegócio. Para celebrar o lançamento, o grupo promove no sábado (10), na sede do ponto de cultura Hip Hop AYVÚ Records, na aldeia Jaguapiru, um dia de confraternização com campeonato de futebol, batalha de rimas e atividades para crianças.

Mais do que um lançamento musical, “Retomada” reafirma o papel do Brô Mc’s como porta-voz de um território transfronteiriço que se estende por Brasil, Paraguai e Argentina, onde a língua guarani é falada por mais de 30 milhões de pessoas. O grupo já subiu a palcos internacionais, como o Rock in Rio, e fez história ao se apresentar na cerimônia do Grammy, sendo o primeiro grupo indígena brasileiro a alcançar esse feito.

A Coleção SOM NATIVO, realizada em parceria com a UNESCO, integra a Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) e destina toda a monetização aos artistas participantes. Além do Brô Mc’s, participam representantes de outras sete etnias, como Huni Kuin, Yawanawa, Kariri Xocó, Guarani Mbyá, Kaingang e Guarani Nhandewa. Para Alok, idealizador do projeto, “há uma fabulosa riqueza musical entre as centenas de etnias indígenas que habitam o Brasil” e a proposta é garantir que essas vozes cheguem ao público com suas sonoridades originais.