04/10/2019 19:21 Há 5 anos

Reitora não se intimida com crítica, e aproveita para firmar seu nome mesmo com protestos



Da Redação (Exclusivo)

Hoje em vista na UFGD acompanhando o início da reunião do Conselho Universitário, que acabou sendo cancelada por conta de uma minoria que invadiu a sala onde seria presidida a sessão, com gritos, hostilidade e palavras desrespeitosas. Por este motivo e por não ter condições de falar sem ser interrompida, a Reitora Mirlene Damázio, cancelou a reunião, pela segunda vez, e ao tentar sair da sala com sua equipe, foi momentaneamente impedida por este grupo, que além de puxar um servidor que tentava protegê-la, tentou fechar a porta com gritos de “tranca a porta, fecha a porta, sem-vergonha, golpista, interventora” (veja o vídeo abaixo).

Ao término desta situação, procuramos a Reitora para ver a possibilidade de nos conceder uma entrevista. Ela nos atendeu, respondendo à cinco perguntas que podem ser lidas, na íntegra, abaixo.


1. Como a senhora se sente com fatos como os de hoje, em que deveria ser realizada a reunião do Conselho Universitário, o COUNI, e uma minoria tentou impedi-la de falar e até mesmo de deixar a sala, tentando fechar a porta. Como a senhora tem lidado com esta pressão?

Estou no segundo tempo da minha vida profissional, sou uma professora aposentada, já tive grande experiência como gestora, professora. Sou da área onde justamente se busca a inclusão, a acessibilidade, o respeitar, o aceitar das escolhas e dos posicionamentos, o trazer os excluídos para a sociedade. Viver momentos assim, para uma pesquisadora da área de inclusão como eu, eu acho lamentável, fico triste. Estamos com tantas políticas públicas que lutam pelos direitos de escolhas. Sou um ser humano que tem sentimentos como qualquer outro, e mesmo nos momentos mais hostis, eu jamais respondi de forma desrespeitosa, nunca tive uma palavra mal falada aos meus colegas de trabalho ou alunos. Até porque, a base da minha formação é a educação. Este é um momento hostil, um cálice amargo, mas o que faz eu ter o posicionamento que eu tenho é o respeito pelas pessoas, onde ideias e pensamentos são respeitados.



2. O seu nome foi escolhido em meio a polêmicas, fora da lista tríplice. Como a senhora vê esta escolha, foi muito difícil? Como está o relacionamento da senhora com a Universidade hoje e a qual a sua projeção para o futuro? Sabemos, por exemplo, de prédios que estavam locados há anos, sem uso, e uma das primeiras ações que a senhora teve, foi a de rescindir estes contratos como medida de contenção de gastos.



Sou uma servidora e tenho um papel a cumprir. Quando fui consultada me coloquei a disposição do MEC para atuar na função até quando eles precisarem. Eu estou aqui trabalhando, vou ficar, vou colaborar com o MEC, estou colaborando. A Universidade não está parada, está com todas as atividades em andamento, os setores estão em funcionamento, os servidores trabalhando, produzindo. A Universidade tem muitas coisas a fazer. Entendemos que estamos em um momento em que precisamos ter toda a sabedoria para conduzir a Universidade. Temos um Plano de Gestão pro tempore e estamos trabalhando a partir dele. Temos um capital intelectual altíssimo na Universidade, um potencial gigante. Somos 12 mil e, infelizmente, uma minoria, uma parcela muito pequena de servidores, está tentando atrapalhar o desenvolvimento da Universidade. Lamentamos muito que esta minoria esteja tentando impedir o funcionamento das atividades para que mantenham seu curso normal. É a Universidade que está no centro? É pela Universidade que estamos fazendo tudo isso ou para benefício próprio de determinado grupo que não representa as necessidades de nossa Universidade? Não poderemos deixar que coisas menores atrapalhem as maiores.


3. A senhora assumiu a Universidade num momento de contingenciamento pelo MEC, com corte de gastos. Como a senhora tem trabalhado nesta crise que o Brasil está enfrentando? Como a senhora mantém a Universidade em funcionamento?

Desde que nós chegamos, fizemos um bom estudo em todos os aspectos da Universidade: financeiro, administrativo, entre outros. Tenho uma formação grande nas áreas de Sustentabilidade e Inovação de recursos. Temos trabalhado com criatividade, trazendo ideias inovadoras, criativas, pautadas em princípios que consideramos necessários para a UFGD. Estamos com as contas pagas, cumprindo nossa planilha. É claro que o contingenciamento nos afeta e nos obriga a aplicar nosso orçamento, priorizando nas necessidades da Universidade, como água, luz, serviços de limpeza e manutenção, alimentação no restaurante universitário, mas temos conseguido manter tudo em ordem. Até mesmo, em relação às bolsas que têm sofrido cortes, a nossa Universidade teve uma perda pequena, perto de outras Instituições. Nós estamos trabalhando desde o início, utilizando os recursos da melhor maneira possível para não desestabilizar nada na UFGD.



4. A UFGD é uma das principais Universidades do Estado e tem como carro-chefe o curso de medicina. Quais são as ações de aproximação da comunidade com a Universidade, principalmente na área da saúde, que é tão carente na nossa região?

Desde o início da gestão temos tentado fazer um alinhamento bem próximo com a EBSERH, um acompanhamento semanal junto ao superintendente, fazendo com que ele esteja realmente alinhado com o perfil profissional da área médica. E neste momento de otimização de recursos, estamos buscando alternativas diferenciadas, como a cedência de um imóvel público, o DNIT, que desde 2015 estava parado e agora foi definitivamente cedido para a UFGD, através do apoio da Senadora Soraya Thronicke (PSL). Nós trabalhamos três meses em cima deste projeto, que fará o atendimento das demandas da Universidade, para não precisarmos locar espaços para nossas atividades, contendo gastos, e ao mesmo tempo, atendendo às demandas da comunidade, inclusive na área da saúde. Com a implementação de um posto-escola na área que também é bastante carente de políticas públicas e educacionais. É um trabalho muito mais de acolhimento da comunidade, ou seja, teremos uma série de ações para alinhar a comunidade com a Universidade e, com dinheiro ou sem dinheiro, aplicando nossos recursos. Quem tem mais a ganhar é a população douradense.



5. Qual a perspectiva de futuro para a senhora dentro da UFGD? Até quando a senhora ficará? Haverá nova eleição? E o que a senhora pretende fazer para dar continuidade ao seu trabalho?

Estou à disposição do Ministério da Educação, vou ficar até o dia que o MEC precisar. A situação da UFGD está judicializada, por tempo indeterminado, pois pro tempore não tem tempo e eu estarei aqui dando o meu melhor ,com a equipe que está me ajudando. A Universidade merece se desenvolver, inovar, trazer melhores formas de gestar o Ensino, a Pesquisa e a Extensão. A UFGD tem problemas de evasão e contenção, e estou trabalhando veementemente para melhorar nossos indicadores e demonstrar à comunidade que estamos correspondendo aos investimentos que são realizados pelo MEC, que é um órgão público e à UFGD, que é do povo. Somos servidores, temos que dar ao povo o que o povo merece e o que a UFGD tem de melhor.

 

 

Apoio: Liziane Berrocal

 

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