18/05/2019 13:03 Há 5 anos

Policiais comemoram ofensiva contra corrupção na PM e denunciam pressão dos cigarreiros



21 PMs, entre praças e graduados, foram presos suspeitos de integrar 'Mafia dos Cigarros'

Se engana quem acha que os policiais militares de Mato Grosso do Sul não apoiam a verdadeira ofensiva contra a corrupção na Polícia Militar de MS, que colocou atrás das grades 21 colegas, entre praças e oficiais de alta patente e salários, na última quarta-feira (16).

A maioria dos servidores estaduais militares comemora o golpe que a chamada ‘Mafia dos Cigarreiros’ sofreu, desferido pela própria Corregedoria da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do MP-MS.

Não é de hoje que esquemas criminosos exploram a fronteira e oferecem atrativos ganhos ilícitos para policiais em Mato Grosso do Sul. Muitos aceitam.

Café, açúcar, soja, e drogas…


Nos anos 80 era o descaminho de açúcar, soja e café. Desde os anos 90 é o narcotráfico e, na última década, ganhou força o contrabando de cigarros produzidos no Paraguai. Eles são vendidos muito barato no Brasil porque entram sem pagar a pesada carga tributária do setor.

Para entrar pelo Paraguai, ou pela Bolívia, e chegar aos maiores centros consumidores, como Rio, São Paulo e Minas Gerais, ou seguir em rotas internacionais, os produtos precisam passar pelo território de Mato Grosso do Sul. E aí é que entra a corrupção policial.

Propina milionária


Segundo policiais que atuaram na PRE (Polícia Rodoviária Estadual) e foram ‘removidos’, conforme afirmam, em represália por não entrarem no esquema, por mês os ganhos dos ‘grupos’ que atendem ao contrabando de cigarro atingem cifras milionárias.

“Tem guarnição que levava 30 mil por mês para garantir um túnel quando estava de plantão, e um chefão uma vez cobrou R$ 300 mil para assegurar um comboio”, revela. O ‘tunel’ ao qual o policial se refere é como chamam a rota livre aberta para os produtos ilícitos por uma rede de estradas e rodovias estaduais.

Em abril, a Polícia Federal já havia deflagrado uma operação contra o contrabando de cigarros. A ação foi batizada de “Homônimo”, e atingiu São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo. Em Mato Grosso do Sul foram cumpridos mandados em Naviraí e Iguatemi.

Na época, foram 35 mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária, 45 mandados de busca e apreensão e 32 de bloqueios de bens. A investigação teve início em agosto de 2017, e apontou que a quadrilha sonegava mais de R$ 14 milhões em impostos e faturava R$ 2 milhões com a venda da mercadoria ilegal.

‘Máfia do Cigarro’ e policiais ‘cigarreiros’


Com o tamanho do lucro, a rota nunca foi abandonada. Em fevereiro deste ano, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreendeu carga com 700 mil maços de cigarros contrabandeados em Coxim, a 260 quilômetros de Campo Grande. A carga foi avaliada em R$ 3,5 milhões. O motorista informou que pegou o carregamento no Paraguai e levaria para a cidade de Goiânia (GO), onde receberia o pagamento pelo transporte.

Em dezembro de 2017 no Estado, sete policiais militares foram presos por envolvimento na chamada “Máfia do Cigarro”. O esquema envolvia suposta cobrança de propina por policiais de Mato Grosso do Sul para permitir a ação contrabandistas de cigarros. Na data, o grupo era suspeito da cobrança de R$ 150 mil para a “liberação” de um caminhão com carga de cigarros contrabandeados do Paraguai.

O esquema acabou consolidando um grupo que envolveria ainda mais policiais conhecidos dentro da corporação como ‘cigarreiros’. O nome da operação, inclusive, é uma alusão ao ‘bicho-cigarreiro’, que usa bitucas para construir cestos.
MidiaMax

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