08/06/2021 15:50 Há 3 anos

Palavra temerosa no meio político, lockdown é defendido nos bastidores; Assomasul pede medidas mais restritivas e até “lei seca”



Por Liziane Berrocal

Com alerta oficial da Defesa Civil para o risco “eminente” de colapso no sistema de saúde do Estado devido a pandemia, o secretário de saúde Geraldo Resende fez um importante alerta para um possível lockdown no Estado. Apesar da resistência de setores do comércio, indústria e outros, o secretário tem sido insistente e deixado claro em suas falas durante as lives governamentais, que é preciso tomar outra medidas. Caso da live de ontem (7) quando Geraldo falou sobre isso e de reunião realizada no final da tarde onde a preocupação dos participantes era latente.

 

Diante disso, a Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul) enviou documento ao Governador Reinaldo Azambuja (PSDB) para que sejam tomadas medidas de continuidade no Prosseguir. O documento assinado pelo presidente da entidade prefeito Valdir Junior, de Nioaque. Os prefeitos pedem que permaneçam as medidas restritivas do Prosseguir, tornando as recomendações do Programa vinculantes aos Municípios (toque de recolher e atividades essenciais). A proibição de consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos e estabelecimentos comerciais, podendo ser vendida somente por retirada no estabelecimento (take away) e/ou entrega em casa (delivery), sendo essa comercialização permitida até o horário do toque de recolher, de acordo com a classificação de cada município no Prosseguir.

 

Também consta no documento a redução de limite de 50 pessoas para 40 (quarenta) em eventos ou estabelecimentos comerciais, mantendo as demais medidas de biossegurança recomendadas pelo Prosseguir, além do aumento de efetivo da Polícia Militar na fiscalização das medidas restritivas em todas as cidades, notadamente em relação ao toque de recolher, bem como para evitar aglomeração de pessoas/festas clandestinas. A justificativa é que “se verificou um aumento significativo de número de casos já registrados desde o início da pandemia”.

 

O secretário Geraldo Resende defende o documento. “Estamos inclusive apontando que é preciso medidas mais enérgicas mais duras em todo estado. E precisamos tomar essa medida com 79 prefeitos e prefeitas com o governo do estado e com uma pactuação de toda a sociedade do Mato Grosso do Sul para evitarmos mais derramamento de lágrimas nos lares sul-mato-grossenses”, alertou Geraldo.

 

O secretário também lembrou que o número de infectados pode aumentar nos próximos dias já que houve um feriado prolongado em que a população não respeitou as medidas de biossegurança. “Eu não gosto de usar essa palavra estrangeira, parece que as pessoas veem como algo ruim, mas seja qual for a palavra, tem que ter medidas mais restritivas”, afirmou Geraldo, adiantando apenas que quase todo o já tem bandeira vermelha e muitas cidades estão sim em bandeira cinza.

Bandeira Cinza

De acordo com o que foi apurado com a reportagem, apesar de ainda não ter saído os novos municípios com que estarão com a bandeira cinza no Prosseguir, o que faz com que estes municípios tenho mais restrições, toque de recolher mais cedo (20h). Resende tem evitado o confronto, mas confirmou para a reportagem que há conversas sendo realizadas com prefeitos onde a situação está mais crítica para que eles tomem “posições corajosas” e decretem o tão temido lockdown.

 

Entre os corajosos, ele cita Alan Guedes de Dourados, que decretou lockdown de 14 dias e Hélio Peluffo de Ponta Porã que jogou a real para os moradores da cidade falando sobre a escolhas de médicos entre jovens e idosos, que os mais novos teriam vantagem sobre os mais velhos na hora da escolha.

 

Sob condição de anonimato, um prefeito do interior topou conversar com a reportagem. Para ele, as ações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o cenário político para o próximo ano tem pesado muito. “Tem que ter coragem para fechar tudo, prefeito não tem eleição ano que vem, mas governador, depurado e senador tem, e ninguém quer entrar em dividida”, confessa. Ainda assim, para o gestor, que também enfrenta bandeira cinza, a situação é desesperadora. “A gente está entre a cruz e a espada, esperando ou um milagre ou que o Governo feche tudo, mas sabemos o quanto é uma decisão complicada”, confessa.

 

Ou seja, setor político, não há consenso diante das críticas que um lockdown pode causar, porém, no setor técnico e científico, somente o fechamento do Estado seria uma medida suficiente para conter o strike que a covid-19 está fazendo no Estado quando a média móvel de mortes está de 52 ao dia e de novos casos chega a 1,8 mil. Resta saber quem vai vencer essa queda de braço. A vitória por enquanto, está sendo da doença. E a população tem sua parcela de participação.

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