14/06/2021 17:12 Há 3 anos

Dólar tem baixa e fecha no patamar dos R$ 5,00



Da redação

Em um dia sem indicadores ou noticiário de peso para movimentar os negócios, o arrefecimento da cautela global gerada após a surpresa com o Federal Reserve, na semana passada, foi suficiente para recolocar a moeda americana próxima do patamar psicológico de R$ 5,00 no Brasil. Após um pregão sem grandes movimentações, a moeda americana encerrou cotada a R$ 5,0222, queda de 0,92%. Na mínima intradiária, chegou a R$ 5,0167.

Outros pares emergentes também se beneficiaram dessa melhora. No horário de fechamento, o dólar caía 0,88% contra o peso mexicano e 1,19% frente ao rand sul-africano.

Principais destaques do dia, os discursos da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e dos presidentes do Federal Reserve de St. Louis e Dallas, James Bullard e Robert Kaplan, acabaram fazendo pouco preço no mercado. Lagarde apenas reiterou a confiança no ritmo de recuperação da economia no bloco e, em um sinal de que a autoridade monetária europeia irá manter em jogo o elevado nível de estímulo, disse que a mudança de postura do Fed terá pouco impacto na zona do euro.

Nos Estados Unidos, Bullar e Kaplan reiteraram que o BC americano está pronto para discutir a redução do ritmo de compras do QE, ainda que a questão sobre como fazê-lo ainda esteja em aberto. De qualquer forma, "o Fed deve começar a reduzir os estímulos antes cedo que tarde", emendou Kaplan.

Na semana passada, o receio sobre uma redução da liquidez global resgatou o dólar da trajetória de enfraquecimento paulatino que parecia ter firmemente embarcado, com alguns analistas já questionando se isso não significaria uma mudança de regime global.

Para o Goldman Sachs, o cenário construtivo para moedas emergentes pode sobreviver a uma alta firme dos juros americanos caso outros fatores também se mantenham em jogo, como o crescimento global, fortes preços de commodities e desaceleração limitada do crescimento da China. Nesse ambiente, continua o banco americano, as moedas de emergentes que já estão elevando os juros se mostram mais resistentes a choques advindos de BCs desenvolvidos. Esse é o caso do rublo russo e do real. "Sinais mais 'hawk' das autoridades monetárias desses países podem ajudar a amenizar alguns dos choques advindos dos juros americanos, especialmente à medida em que entramos em um verão (no Hemisfério Norte) em que investidores podem se mostrar fortemente sensíveis a dados e discursos dos BCs de países desenvolvidos."

Sinais mais concretos dessa guinada do Copom serão buscados na ata da última reunião, a ser divulgada amanhã de manhã. Caso confirmada, essa inflexão ‘hawk’ (favorável à retirada de estímulos) deve continuar a sustentar a melhora do real mesmo diante de um cenário global de dólar mais forte.

“O real vai virar a estrela das moedas emergentes?”, questionam analistas do BCA Research. Embora reconheçam o desempenho recente, eles alertam que os riscos econômicos do país estão “longe do fim”. “De um lado, a alta da Selic a largas passadas acabará por deprimir a economia em algum momento. De outro, os problemas fiscais domésticos acabarão reemergindo, à medida em que o presidente Jair Bolsonaro continua a favorecer políticas expansionistas antes das eleições”, ponderam. “Assim, o real pode continuar a se fortalecer e sobressair entre o espectro emergentes nos próximos meses, mas a perspectiva a longo prazo é menos certa”.

 

*Por Valor Econômico 

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